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O contrato em Bárbara
O primeiro contrato que Bárbara Mol me entregou levava o sugestivo título de contrato permeável de serviços. Como todo contrato, parecia muito chato e as letras eram pequeninas, o que só tornava minha adesão ainda mais difícil, agora que já não leio mais quase nada sem meus óculos.
Entre as cláusulas, eu me detive naquela que dizia: “Os serviços prestados pelo contratado serão gratuitos, sendo de livre e espontânea vontade sua prestação, realizados como proposta artística.” Não era exatamente o caráter gratuito – ou era isso mesmo? - da prestação de serviços o que me interessava, mas aquilo que está contido na formulação aparentemente simples: “de livre e espontânea vontade”.
Há algum tempo interessa-me pensar e especular relações entre arte e trabalho. Acho instigante essa história do poder e da liberdade do artista. Afinal de contas, tenho a impressão de que sempre se está a serviço de alguém ou de alguma coisa, mesmo que se trate de uma ideia abstrata.
Então, foi relativamente fácil contatar/contratar Bárbara. O seu instigante e fascinante projeto de se oferecer como “mão de obra” – foi esse mesmo o termo que ela utilizou em nossa primeira conversa - foi para mim de um impacto supreendente. Eu quis logo assinar o contrato.
Fiz um crachá para estabelecermos publicamente o vínculo do trabalho dela ao meu projeto em obra project. Ela usou o crachá quando quis, o que, devo confessar, causou-me certa confusão.
Eu não sabia exatamente para que precisava dos serviços de uma agente técnico administrativo temporário de obras.
O segundo contrato que Bárbara me entregou – porque ela fez e refez obstinadamente esses documentos durante todo o evento permeabilidades, promovido pelo CEIA - tinha umas cláusulas esquisitas, nas quais se insinuava alguma medida de ambiguidade. As cláusulas demonstravam tamanha ambição de controle e previsibilidade que o caráter gratuito dos serviços, anunciado num primeiro momento, parecia soar como um mero ardil.
O último contrato que Bárbara me entregou, eu ainda não li.
Foi por livre e espontânea vontade que eu o assinei.
Comentários
Cópias dos contratos
Fabíola, que tal anexar cópias dos contratos aqui?
resposta
oi hélio,
incialmente pareceu-me uma boa ideia. bárbara me enviou o contrato, mas, mudei de ideia.
isso parece-me um movimento de querer oferecer tudo pro leitor, e há coisas que ele não tem como e não pode mesmo acessar.
bom, assim me parece.
de qualquer maneira, obrigada pela sugestão.
bj,
fabíola
mudei de ideia outra vez
Hélio,
Como posso anexar a imagem do contrato?